sexta-feira, 5 de junho de 2009

Qualidade de vida

As universidades de Harvard e Cambridge publicaram, recentemente, um manual com 20 conselhos saudáveis para melhorar a qualidade de vida de forma prática e simples. São:

1- Beber um copo de sumo de laranja, diariamente.
Para aumentar o ferro e repor a vitamina C.

2 Salpicar canela no café.
Mantém baixo o colesterol, e estáveis os níveis de açúcar no sangue.

3- Trocar o pãozinho tradicional pelo pão integral.
O qual tem quase 4 vezes mais fibra, 3 vezes mais zinco e quase 2 vezes mais ferro do que tem o pão branco.

4- Mastigar os vegetais por mais tempo.
Aumenta a quantidade de químicos anticancerígenos no corpo. Mastigar liberta sinigrina. E quanto menos se cozinham os vegetais, melhor efeito preventivo têm.

5- Adoptar a regra dos 80%.
Servir-se de menos 20% da comida evita transtornos gastrintestinais, prolonga a vida, e reduz o risco de diabetes e ataques de coração.

6- O futuro está na laranja.
Reduz em 30% o risco de cancro de pulmão.

7- Fazer refeições coloridas como o arco-íris.
Comer uma variedade de vermelho, laranja, amarelo, verde, roxo e branco, em frutas e vegetais, cria uma melhor mistura de antioxidantes, vitaminas e minerais.

8- Comer pizza. Mas escolha as de massa fininha.
O Licopene, um antioxidante do tomate, pode inibir e ainda reverter o crescimento de tumores; e, ademais, é melhor absorvido pelo corpo quando o tomate está em molhos para massas ou para pizza.

9- Limpar a sua escova de dentes e trocá-la regularmente.
As escovas podem espalhar gripes, resfriados e germes. Assim, é recomendado lavá-las com água quente, pelo menos quatro vezes por semana (aproveite o banho no chuveiro); sobretudo durante e após períodos de doença, devem ser mantidas separadas de outras escovas.

10- Realizar atividades que estimulem a mente e fortaleçam a sua memória.
Faça alguns testes ou quebra-cabeças, palavras-cruzadas, aprenda um idioma, qualquer habilidade nova. Leia um livro e memorize parágrafos.

11 Usar fio dental e não mastigar chicletes.
Acreditem ou não, uma pesquisa deu como resultado que as pessoas que mastigam chicletes têm mais possibilidade de sofrer de arterosclerose, pois tem os vasos sanguíneos mais estreitos, o que pode preceder um ataque do coração. Usar fio dental pode acrescentar seis anos à sua idade biológica, porque remove as bactérias que atacam os dentes e o corpo.

12- Rir.
Uma boa gargalhada é um 'mini-workout', um pequeno exercício físico: 100 a 200 gargalhadas equivalem a 10 minutos de corrida. Baixa o stresse, acorda células naturais de defesa e desperta os anticorpos.

13- Não descascar com antecipação.
Os vegetais ou frutas, (sempre frescos), devem ser cortados e descascados no momento em que vão ser consumidos. Isto aumenta os níveis de nutrientes contra o cancro.

14- Ligar para os seus parentes/pais de vez em quando.
Um estudo da Faculdade de Medicina de Harvard concluiu que 91% das pessoas que não mantém um laço afetivo com as pessoas de quem gostam, particularmente com a mãe, desenvolvem tensão alta (alta pressão), alcoolismo ou doenças cardíacas em idade temporã.

15- Desfrutar de uma xícara de chá.
O chá comum contém menos níveis de antioxidantes que o chá verde, e beber só uma xícara diária desta infusão diminui o risco de doenças coronárias. Cientistas israelitas também concluíram que beber chá aumenta a sobrevida depois de ataques ao coração.

16- Ter um animal de estimação.
As pessoas que não têm animais domésticos, sofrem mais de stresse e vão mais ao médico, dizem os cientistas da Cambridge University. As mascotes fazem-nos sentir optimistas, relaxado, e isso baixa a pressão do sangue. Os cães são os melhores, mas até com um peixinho dourado podemos obter um bom resultado.

17- Colocar tomate ou verdura frescas no sanduíche.
Uma porção de tomate por dia, baixa o risco de doença coronária em 30%, segundo os cientistas da Harvard Medical School.

18- Reorganizar o frigorífico.
As verduras, em qualquer lugar de sua geladeira perdem substâncias nutritivas. A luz artificial do equipamento destrói os flavonóides (que combatem o cancro) que todos os vegetais têm. Por isso, é melhor usar a área reservada às verduras, que é aquela gaveta em baixo.

19- Comer como um passarinho.
A semente de girassol e as sementes de sésamo, nas saladas, e cereais são nutrientes e antioxidantes. E comer nozes entre as refeições reduz o risco de diabetes.

20- E, por último, uma súmula de pequenas dicas para alongar a vida:
- Comer chocolate.
Duas barras por semana dão mais um ano a vida. O amargo é fonte de ferro, magnésio e potássio.
- Pensar positivamente.
As pessoas optimistas podem viver até mais 12 anos que os pessimistas, as quais, ademais, apanham gripes e resfriados mais facilmente.
- Ser sociável.
As pessoas com fortes laços sociais, ou redes de amigos, têm vidas mais saudáveis que as pessoas solitárias, ou que só têm contato com a família.
- Conhecer-se a si mesmo.
Os verdadeiros crentes e aqueles que priorizam o 'ser' sobre o 'ter', têm 35% mais de probabilidade de viver mais tempo.

Uma vez incorporados, os conselhos, facilmente se tornam hábitos.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

As lições dos moluscos de Rubem Alves


Os moluscos (do latim "molluscus", mole) são animais de corpo mole, entre os quais estão o caramujo e as ostras. Seus corpos macios são presas fáceis e apetitosas para os predadores gulosos. Na medida do que sabemos, os moluscos não têm capacidade para pensar. O que não significa que não sejam inteligentes. Acontece que a inteligência dos moluscos não se encontra na cabeça —ela se encontra no seu corpo. Parafraseando Pascal: "O corpo tem razões que a própria razão desconhece", com o que Freud concordaria. Os moluscos são inteligentes sem precisar pensar. E foi assim que eles, movidos pela necessidade de sobrevivência, para se proteger dos predadores, construíram carapaças protetoras que os protegessem: as conchas. Confesso que fico assombrado contemplando a concha espiral de um simples caramujo de jardim. Essa experiência de espanto perante um objeto, os gregos diziam que é dela que surge o pensamento. Os caramujos me espantam. Espantado, penso: "Como é que essa gelatina estúpida é capaz de construir esse objeto assombroso, a sua concha espiral de perfeição matemática?".
Dentro do corpo de cada molusco, mora um matemático invisível. Jogando o jogo-do-bocó, que aprendi no "Livro sobre Nada", do poeta mato-grossense Manoel de Barros, eu digo: "Os caramujos me metafisicam...". Eles me fazem pensar sobre o mistério do Universo. Uma das tarefas mais alegres de um educador é provocar, nos seus alunos, a experiência do espanto. Um aluno espantado é um aluno pensante...
Pois parece que Piaget sofreu de espantos parecidos com os meus diante dos moluscos. Tanto assim que, nos anos de sua juventude, se dedicou a pesquisá-los nos lagos da Suíça. Mas, de repente, ele deu um salto dos moluscos para a psicologia da aprendizagem entre os humanos. Os desavisados concluem: Piaget mudou de espanto. Não. Ele não mudou de espanto. Apenas mudou de molusco.
Pois nós, seres humanos, somos semelhantes aos moluscos. Aquilo que os moluscos fazem é uma metáfora daquilo que nós fazemos. Observando os moluscos, ele compreendeu melhor os seres humanos. Porque os nossos corpos também são moles. Compare o seu corpo com o corpo de um tatu, de um rato, de um coelho, de um gambá, de um beija-flor. Eles sobrevivem usando como ferramenta apenas o corpo que receberam por nascimento. Mas nós —ai de nós! Que seria de nós se só contássemos com os nossos corpos para sobreviver? Morreríamos. Se nós sobrevivemos é porque fizemos o que os moluscos fizeram: construímos conchas. Mas há uma diferença. Os moluscos já nascem sabendo. Não precisam aprender. Seus corpos já nascem com um chip com todas as informações necessárias para a construção das conchas. O programa está pronto. Nós, ao contrário, não nascemos sabendo. Nossos corpos, por nascimento, nada sabem... E essa é a razão por que temos de aprender. Este é o sentido da educação: o processo pelo qual as gerações mais velhas ajudam as gerações mais novas a aprender a arte de construir conchas. Que são nossas conchas? Nossas conchas são formadas com aquilo que inventamos e construímos para sobreviver...
Parte da educação, assim, é o aprendizado das técnicas e artes necessárias à produção dos objetos que vão completar o nosso corpo mole, dando-lhe maior eficácia. Uma faca é uma melhoria dos dentes e das unhas. Uma escada é uma melhoria das pernas. Óculos são melhorias dos olhos. Um computador é uma melhoria do cérebro. Foi a nossa fraqueza, o nosso corpo mole, que nos obrigou a pensar. Nossa inteligência é filha da nossa fraqueza.Há, em Juiz de Fora, um velho professor que viveu espantado pelos moluscos: Maury Pinto de Oliveira. Seu espanto foi tão grande que dedicou sua vida a colecionar conchas de moluscos. São milhares de conchas, dos tipos mais variados, vindas de todas as partes do mundo —uma delas pesa 120 quilos. Fiquei encantado com sua beleza e perfeição matemática. Pensei que a vida não se contenta em produzir objetos úteis. Uma concha é, de fato, um objeto útil para o molusco que mora nela. É uma casa. Mas não é simplesmente uma casa. É uma casa espantosamente bela... Talvez, contemplando os estúpidos moluscos, possamos aprender algo sobre a educação. Primeiro, que é necessário aprender as utilidades e as competências. Aprender ferramentas úteis. Sem elas, não se sobrevive. Segundo, que é necessário aprender as desutilidades, as coisas que, sem servir para nada, nos dão alegria e razões para viver. Ler Manoel de Barros, fazer o jogo-do-bocó, aprender a adivinhar as nuvens, "olhar uma paineira florida" —diria Mario Quintana—, ver figuras, ouvir Bach e Villa-Lobos, montar quebra-cabeças, ouvir a viola de dez cordas de Ivan Vilela... A ordem do poder e a ordem do amor. Sem o amor, o poder é estúpido. Sem o poder, o amor é fraco. Mas, quando os dois se encontram, vem a alegria. Como disse Oswald de Andrade, "a alegria é a prova dos nove...". Esse é o resumo da educação.
Rubem Alves, quase 70, é educador e escritor. Acabou de escrever o prefácio do livro "Uma Nova Educação para uma Nova Era", de Eduardo Oscar Chaves.
Site: www.rubemalves.com.br